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ALLYSON's POV.
- Pensou que fugiria tão fácil assim? -
aquela voz, carregada de sarcasmo, a deixando mais sombria, ecoou por meus
ouvidos, deixando-me zonza e amedrontada.
- Me solta! - gritei, balançando minha perna
desesperadamente, tentando me soltar das suas mãos, mas era impossível.
O modo como ele
apertava meu tornozelo dava para pensar que o quebraria. Estava começando a
doer. Por mais que eu balançasse a perna e gritasse por ajuda, eu não conseguia
me livrar daquele ser. Senti-o dar fortes solavancos para baixo, fazendo com
que eu me desequilibrasse, caindo de cima daquele murro alto em cima dele, o
que foi ótimo, afinal, amorteceu minha queda, mas eu estava apavorada e
querendo fugir dali. Tentei novamente me levantar, aproveitando o pequeno
deslize dele, porém ele foi mais rápido.
- Nunca tente ser mais esperta que eu. -
sussurrou junto ao meu ouvido, de maneira assustadoramente sombria, fazendo-me
arrepiar dos pés a cabeça, e me lembrar do que ele me dizia enquanto eu
apanhava.
Acho que agora
eu estou ferrada. Meu corpo me mandava se mexer, mas eu estava paralisada de
medo, não sabia o que ele poderia fazer comigo novamente. A demonstração de
hoje de manhã já foi o suficiente, eu precisava dar um jeito de sumir daqui,
mas quando ele não estivesse.
- Justin, por favor, me deixe sair daqui,
minha mãe precisa de mim. - falei, já sentindo meus olhos arderem só de lembrar
da Dona Patricia. - Eu sou a única pessoa que ela tem por aqui, não posso a
deixar sozinha, por favor. - implorei novamente, o escutando bufar, enquanto me
empurrava para o lado, o deixando livre para se levantar.
- Não vai começar! - gritou irritado. - Não
to com paciência para escutar patricinha mimada pesando hoje não! - falou
puxando meu braço, que agora começara a doer por conta do jeito que o capanga
dele me carregava hoje, há minutos atrás. - Vai, vamos aproveitar que hoje
estou no meu momento de bondade e eu vou te poupar a vida, mas da próxima... -
deixou a frase no ar, enquanto me levava de volta aquela casa, que eu ainda não
tinha parado para ver, mas é linda.
- Me solta seu nojento! - gritei me debatendo
contra seu corpo, tentando de alguma forma me livrar, ao ver que já estávamos
chegando perto do hall de entrada. - Me deixe sair daqui!
- Cala essa maldita boca caralho! - gritou
dando um tranco em meu corpo.
Ele parou de
frente aos seguranças da porta, na qual eu tinha passado fácil e os encarou.
- Eu quero saber quem foi o filho da puta que
deixou essa pirralha escapar. - falou autoritário, porém todos permaneceram
quietos, com medo de morrer. - FALA PORRA! EU QUERO SABER QUEM FOI O OTÁRIO! -
gritou assustando a todos ali.
Ninguém se
pronunciava e Justin ficava cada vez mais vermelho.
- Aff! - bufei. - Foi aquele paspalhão ali
oh. - dedurei o cara na cara de pau. - Idiota.
- Calada! - Justin mandou e eu sorri falsa. -
A segurem. - mandou a dois seguranças perto de nós, que o obedeceram e
seguraram um em cada braço. - Então você foi o desgraçado? - Justin pos a mão
na arma em sua cintura e o cara arregalou os olhos.
- Eu... Eu... Ela disse que... Ela disse que
era sua amiga e que... - o cara estava se borrando.
- E COMO VOCÊ FOI ACREDITAR NESSA VADIA?
DESDE QUANDO EU TENHO AMIGA? EU JÁ DISSE QUE MULHER É SÓ NA MINHA CAMA GEMENDO
MEU NOME! - gritou, assustando a todos ali, inclusive eu, e engatilhando a
arma. - NINGUÉM FALHA COMIGO, ENTENDEU? NINGUÉM TEM UMA SEGUNDA CHANCE! -
gritava, fazendo um show ali, mas o que eu mais estava preocupada era com a
arma em sua mão. Justin me parece um psicopata e com uma arma na mão, só Deus
para prever. - Acho bom começar a rezar cuzão, porque tu vai precisar!
- Senhor Bieber, não, eu tenho família, não
posso deixar minha mulher e meus filhos sozinhos. - quando ele tocou na família
meu coração se apertou.
Porque eu tive
que abrir minha boca? Droga, se ele morrer e sua família ficar desamparada a
culpa será minha. Como eu posso ter feito isso? Filhos vão ficar sem pai, e uma
mulher ficará sem o marido, como se sustentarão? Justin não pode matá-lo, não
mesmo. Ele não esta vendo o que está fazendo?
- Justin, por favor, não faça isso. - pedi o
vendo sorrir diabolicamente. - Ele tem filhos.
- Dê um oi ao diabo por mim. - dito isso ele
apertou o gatilho, fazendo o corpo do cara cair mole, sem vida, ao seus pés e
ele sorrir. - Cuidem disso. - falou colocando a arma na cintura novamente e
vindo até mim.
Eu não havia
percebido, mas eu chorava. Como eu pude fazer aquilo com aquele homem? Eu
acabei com a vida de uma família. Pequenos indefesos crescerão sem um pai. Eu
sei o quão doloroso isso é.
- Por que... - eu não conseguia formular
minhas frases. - Você... Ele tinha família. - falei incrédula pela ação de
Justin, segundos atrás.
- Eles irão me agradecer por tirar algo
inútil da vida deles. - deu de ombros.
Como ele podia
ser tão frio? Aquilo que me puxava pelo braço era mesmo um ser humano?
Como
alguém podia ser tão sem coração? Ele nunca teve família para saber como é se
sentir assim? Como Deus pode dar vida a esse monstro? Eu estava sem reação, não
sabia o que falar.
- Vai, entra logo ai. - abriu uma porta
gigante, que ia do teto ao chão, e me empurrou lá para dentro. - E pense bem
antes de bancar a espertinha, aquilo que fiz com aquele Zé ruela não chega nem
perto do que sou capaz de fazer. - falou ameaçador, fechando a porta e a
trancando.
- Abre isso seu filho da puta! Deixe-me sair
daqui! - gritei socando a porta a minha frente até não ter mais força e voz. Eu
estava esgotada.
Cai no chão,
chorando descontroladamente e logo senti mãos em meu ombro. Virei-me assustada,
só então percebendo o tanto de garotas ali dentro. Algumas eram conhecidas,
pois estavam comigo naquele quartinho nojento mais cedo, outras eu sabia que
vira alguma vez, mas não lembro aonde.
- Hey, calma querida. - uma loira linda, de
olhos azuis, que sorria gentil. - Venha, sente-se aqui. - falou me ajudando a
levantar.
Caminhei com
ela em silencio até um dos colchões, vazio, jogados no chão. Eu olhava tudo
apavorada.
- Quem é você? - perguntei baixo, e ela
sorriu triste, passando a mão em meu rosto, secando minhas lagrimas.
- Meu nome é Kyara, eu sou umas das... -
parecia pensar. - Bom, acho que vadias do
Bieber. - falou de maneira engraçada, como se imitasse um homem e eu ri
fraco. - Que bom, está sorrindo. - falou.
- O que é aqui? - falei olhando ao redor,
todas nos olhavam atentas.
- Esse é o nosso presídio. - uma deles se
envolveu na conversa. - Prazer, Peyton. - se apresentou, sorrindo de lado.
Ela tinha
cabelos castanhos claros, olhos escuros, e usava uma maquiagem forte, que
complementava suas roupas curtas e coladas, como todas ali. Parecia-me ser
simpática.
- Então... Bem vinda... - esperou que eu
completasse.
- Allyson. - falei.
- Bem vinda Allyson. - me parecia muito
calma.
- Como vocês podem estar calmas? Estão presas
aqui. - falei o obvio e Kyara riu.
- Querida, se você esta aqui, não irá mais
sair, não adianta se desesperar. - sentou a minha frente, segurando minhas
mãos.
- Como assim não vou mais poder sair? Eu vou
sair daqui, é só esperar aquele idiota do
Bieber sair. - falei, começando a
entrar em desespero. - Eu quase fugi uma vez, a segunda vai ser fácil. -
completei e agora todas elas riram.
- Amorzinho, tenha certeza que isso não
acontecerá. - uma delas, que tinha a maior cara de puta, falou sarcástica. - O
Bieber tem o melhor grupo de seguranças de Atlanta.
- Eu consegui fugir, vou conseguir de novo. -
falei convicta.
- Allyson, a partir do momento em que você
entra aqui, não pode mais sair, não adianta
fugir, tem homens do Bieber por
toda a cidade, eles te encontraram fácil. Nós todas já tentamos, e pode ter
certeza que não foram poucas vezes. - Peyton falou me olhando com pena.
Eu realmente
devia estar em um estado deplorável.
- Você precisa de um bom banho querida,
depois eu te explico tudo certinho para a
convivência aqui. - Kyara disse se
levantando e ficando a minha frente. - Venha.
Levantei-me, e
ela me guiou até uma portinha, um pouco escondida, me mandando tomar um bom
banho e tentar relaxar um pouco. Agora me diz... Como eu vou relaxar sabendo
que nunca mais vou conseguir sair desse lugar. Eu realmente precisava de um
banho, mas também tinha que pensar em uma boa maneira de fugir. Não posso ficar
aqui a mercê desse idiota que se acha rei do mundo. Ele não tem esse direito!
Despi-me e
liguei aquele chuveirinho mixuruca, que só Deus. Entrei debaixo, a fim de
relaxar com a água quente, e para a minha surpresa, não havia água quente. Dei
um pequeno gritinho ao sentir aquela água gelada entrar e contato com a minha
pele, me arrepiando por completo.
- Mão de vaca, muquirana! - xinguei baixinho.
- Nem para colocar um chuveiro que preste.
Muito legal
isso, além de sequestrada, estrupada e violentada, terei que tomar banho gelado.
Bufei passando o sabonete por meu corpo, rapidamente, e sentindo minha
intimidade latejar, novamente. Deixei algumas lagrimas de amargura escapar,
lembrando-me de tudo que sofri em pouquíssimas horas, e tudo por causa daquele
idiota. Nada daquilo era justo, porque logo comigo?
- Vamos, a princesinha não pode ficar ai por
muito tempo! - uma voz desconhecida falou, batendo na porta.
- Sheila, deixe a menina relaxar um pouco. -
a voz de Kyara ecoou baixa e brava.
Lavei meus
cabelos com um dos xampus que havia em um suporte ali e sai, me enrolando em
uma das toalhas pretas que tinha em um pequeno armarinho de canto. Eu não tinha
roupas, as minhas estavam imundas.
- Hey, terminou? - Kyara perguntou sorrindo,
adentrando o banheiro. - Aqui, roupas limpas. Ai tem lingerie, short, blusa, e
um estojo de maquiagem. - avisou.
- Para que maquiagem? - perguntei confusa. -
Prisioneiras precisam se arrumar tanto?
- Quando essas prisioneiras dependem da
imagem para sobreviver, sim. - falou e eu arregalei
os olhos.
Como assim
imagem para sobreviver?
- Olha, se arrume, depois eu te ajudo com a
maquiagem, e te falo o que acontece por aqui. - assenti e ela saiu do banheiro.
Vesti a lingerie e peguei o short na mão. Uau,
isso aqui não tampa nem a poupa da bunda. Ok acalme-se Ally, é isso que você
tem por enquanto, vista e depois fale com alguém. - repetia para mim mesma em
pensamento. Vesti o short e a regata, que deixava metade da minha barriga para
fora, e sai do banheiro, enquanto secava meus cabelos com a toalha. Todas me
olharam novamente e me mediram de cima a baixo. OK, isso é estranho demais!
- Allyson, venha cá. - Kyara chamou batendo
no colchão, para que eu me sentar ao se lado, e assim eu fiz, entregando a ela
o estojinho de maquiagem que nem havia usado.
- Pode me chamar de Ally.
- Ok, Ally. - sorriu e eu assenti. - Venha,
vou te ensinar como se maquiar.
- Eu sei me maquiar. - falei e ela riu.
- Aqui você terá que andar sempre maquiada, e
do jeito que o patrãozinho gosta. - franzi o cenho. - Boca com um batom rosa
choque, e um olhar marcante com bastante lápis e mascara de cílios.
- Mas, para que tanta coisa se eu não saio
daqui? - perguntei confusa.
- Você tem que ficar bonita, para que ele te
escolha.
- Me escolher?
- Sim. Bom, deixe-me te explicar algumas
coisas. - assenti a olhando atenta. - Aqui cada uma, luta pela sua
sobrevivência. Não são todas essas que ficarão, algumas irão para as ruas,
trabalhar nas boates, e outras ficarão aqui, para servir o Justin.
- Bom, então se eu vou para a rua é bom não?
Eu tenho mais chances de escapar. - sorri com esperança.
- Não... Na rua é pior. Lá você é obrigada a
deitar-se com vários homens por noite, em busca de grana, e é vigiada 24 horas
por dia. Perto das ruas nós ainda temos certo luxo aqui. Lá você quase não come
ou bebe algo, e sempre apanha, ou é obrigada a fazer coisas humilhantes por
dinheiro. É sujo, obscuro, e na maioria das vezes você se envolve no mundo das
drogas, caminho sem volta. Aqui nós ficamos apenas com o Justin, o que não é
tão ruim assim, e podemos tomar um banho, mesmo não tendo água quente...
- É percebi. - murmurei e ela riu.
- Enfim, aqui você tem que agradar o Bieber,
assim nunca sairá daqui. Ninguém é amiga de
ninguém, é cada uma por si, uma passando
em cima da outra, tentando proporcionar mais prazer ao grande Bieber. - falou.
- Isso é humilhante, não?! - falei
boquiaberta com tudo que escutei.
- Sim, mas é necessário.
- Que horror. - falei chocada.
- Sua realidade daqui pra frente. - sorriu
triste e eu neguei.
Isso não pode
virar minha realidade. É degradante, horrível, um pesadelo...
- Venha me deixe te maquiar. - assenti e ela
começou seu trabalho.
Ela passava um
monte de coisas, base, pó, corretivo, sombra. Eu não me maquiava muito, apenas
para festas, mas pelo jeito terei que passar a fazer isso. Aff alem de nos
manter presas aqui, ainda temos que ficar nos imperiquitando todas, pelo amor
de Deus.
Abriram a porta
violentamente, a fazendo se afastar um pouco assustada pelo barulho e depois
suspirou aliviada vendo o homem a porta.
- Kyara, o chefe que te ver. - o homem falou
para ela, que assentiu sorrindo maliciosa.
- Minha vez. - falou me entregando os pinceis
de maquiagem que segurava. - Logo volto. -
assenti rindo de seu jeito.
Como alguém
podia estar feliz em ter que encontrar aquele homem?
Dei de ombros,
e passei um pouco de blush, terminando a maquiagem. Eu estava parecendo
uma
puta! Ok... Acho que esse era o intuito, não? Guardei tudo no estojinho e me
encostei à parede e fiquei ali observando tudo. Ainda tinha muitas garotas
chorando, assim como eu tinha vontade. Todas estavam vestindo o mesmo estilo de
roupa que eu, e maquiadas do mesmo jeito. Peyton estava junto a uma mulher mal
encarada, que olhava todas ali com certo nojo, como se ela fosse diferente. Ela
era loira, muito bonita por sinal, tinha olhos castanhos, seus olhos eram
marcados com uma forte maquiagem preta e seus lábios não tinham aquele batom
brega, rosa choque, eles continham apenas brilho, que os deixavam maior. Ok,
porque ela pode se maquiar daquele jeito, e nós temos que ficar com essa cara
de puta?
- Comida. - avisaram abrindo a porta, e uma
senhora baixinha e de cabelos brancos, entrou.
Ela não parecia ser muito velha,
apenas dos cabelos brancos. Ela nos encarava com pena no olhar, como se
quisesse ajudar, porém, não pudesse.
- Peguem. - falou entregando um prato a cada
uma. - Comam tudo. - sorriu amigável.
Peguei o prato
e olhei bem para aquilo. Não dava para identificar o que era, acho que uma sopa
talvez. Peguei a colher e arrisquei-me há provar um pouco, e não é que o
negócio não era tão ruim assim. Tinha um gosto bom, não sei descrever, cenoura
com mais alguma verdura?
Acho que sim... Após comermos e tomarmos o copo de
água que ela nos deu ela saiu rapidamente, e novamente àquelas portas foram
fechadas.
É no silêncio que eu escuto meus próprios
gritos.
Meu Deus! Continua! Por favor!!! Tá demais!!!!
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