27/07/2013

Common Denominator - Capitulo 3 - Morte

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ALLYSON's POV.


  - Pensou que fugiria tão fácil assim? - aquela voz, carregada de sarcasmo, a deixando mais sombria, ecoou por meus ouvidos, deixando-me zonza e amedrontada.

  - Me solta! - gritei, balançando minha perna desesperadamente, tentando me soltar das suas mãos, mas era impossível.
O modo como ele apertava meu tornozelo dava para pensar que o quebraria. Estava começando a doer. Por mais que eu balançasse a perna e gritasse por ajuda, eu não conseguia me livrar daquele ser. Senti-o dar fortes solavancos para baixo, fazendo com que eu me desequilibrasse, caindo de cima daquele murro alto em cima dele, o que foi ótimo, afinal, amorteceu minha queda, mas eu estava apavorada e querendo fugir dali. Tentei novamente me levantar, aproveitando o pequeno deslize dele, porém ele foi mais rápido.

  - Nunca tente ser mais esperta que eu. - sussurrou junto ao meu ouvido, de maneira assustadoramente sombria, fazendo-me arrepiar dos pés a cabeça, e me lembrar do que ele me dizia enquanto eu apanhava.
Acho que agora eu estou ferrada. Meu corpo me mandava se mexer, mas eu estava paralisada de medo, não sabia o que ele poderia fazer comigo novamente. A demonstração de hoje de manhã já foi o suficiente, eu precisava dar um jeito de sumir daqui, mas quando ele não estivesse. 

  - Justin, por favor, me deixe sair daqui, minha mãe precisa de mim. - falei, já sentindo meus olhos arderem só de lembrar da Dona Patricia. - Eu sou a única pessoa que ela tem por aqui, não posso a deixar sozinha, por favor. - implorei novamente, o escutando bufar, enquanto me empurrava para o lado, o deixando livre para se levantar.

  - Não vai começar! - gritou irritado. - Não to com paciência para escutar patricinha mimada pesando hoje não! - falou puxando meu braço, que agora começara a doer por conta do jeito que o capanga dele me carregava hoje, há minutos atrás. - Vai, vamos aproveitar que hoje estou no meu momento de bondade e eu vou te poupar a vida, mas da próxima... - deixou a frase no ar, enquanto me levava de volta aquela casa, que eu ainda não tinha parado para ver, mas é linda.

  - Me solta seu nojento! - gritei me debatendo contra seu corpo, tentando de alguma forma me livrar, ao ver que já estávamos chegando perto do hall de entrada. - Me deixe sair daqui!

  - Cala essa maldita boca caralho! - gritou dando um tranco em meu corpo.
Ele parou de frente aos seguranças da porta, na qual eu tinha passado fácil e os encarou.

  - Eu quero saber quem foi o filho da puta que deixou essa pirralha escapar. - falou autoritário, porém todos permaneceram quietos, com medo de morrer. - FALA PORRA! EU QUERO SABER QUEM FOI O OTÁRIO! - gritou assustando a todos ali.
Ninguém se pronunciava e Justin ficava cada vez mais vermelho.

  - Aff! - bufei. - Foi aquele paspalhão ali oh. - dedurei o cara na cara de pau. - Idiota.

  - Calada! - Justin mandou e eu sorri falsa. - A segurem. - mandou a dois seguranças perto de nós, que o obedeceram e seguraram um em cada braço. - Então você foi o desgraçado? - Justin pos a mão na arma em sua cintura e o cara arregalou os olhos.

  - Eu... Eu... Ela disse que... Ela disse que era sua amiga e que... - o cara estava se borrando.

  - E COMO VOCÊ FOI ACREDITAR NESSA VADIA? DESDE QUANDO EU TENHO AMIGA? EU JÁ DISSE QUE MULHER É SÓ NA MINHA CAMA GEMENDO MEU NOME! - gritou, assustando a todos ali, inclusive eu, e engatilhando a arma. - NINGUÉM FALHA COMIGO, ENTENDEU? NINGUÉM TEM UMA SEGUNDA CHANCE! - gritava, fazendo um show ali, mas o que eu mais estava preocupada era com a arma em sua mão. Justin me parece um psicopata e com uma arma na mão, só Deus para prever. - Acho bom começar a rezar cuzão, porque tu vai precisar!

  - Senhor Bieber, não, eu tenho família, não posso deixar minha mulher e meus filhos sozinhos. - quando ele tocou na família meu coração se apertou.

Porque eu tive que abrir minha boca? Droga, se ele morrer e sua família ficar desamparada a culpa será minha. Como eu posso ter feito isso? Filhos vão ficar sem pai, e uma mulher ficará sem o marido, como se sustentarão? Justin não pode matá-lo, não mesmo. Ele não esta vendo o que está fazendo?

  - Justin, por favor, não faça isso. - pedi o vendo sorrir diabolicamente. - Ele tem filhos.

  - Dê um oi ao diabo por mim. - dito isso ele apertou o gatilho, fazendo o corpo do cara cair mole, sem vida, ao seus pés e ele sorrir. - Cuidem disso. - falou colocando a arma na cintura novamente e vindo até mim.

Eu não havia percebido, mas eu chorava. Como eu pude fazer aquilo com aquele homem? Eu acabei com a vida de uma família. Pequenos indefesos crescerão sem um pai. Eu sei o quão doloroso isso é.

  - Por que... - eu não conseguia formular minhas frases. - Você... Ele tinha família. - falei incrédula pela ação de Justin, segundos atrás.

  - Eles irão me agradecer por tirar algo inútil da vida deles. - deu de ombros.

Como ele podia ser tão frio? Aquilo que me puxava pelo braço era mesmo um ser humano? 

Como alguém podia ser tão sem coração? Ele nunca teve família para saber como é se sentir assim? Como Deus pode dar vida a esse monstro? Eu estava sem reação, não sabia o que falar.

  - Vai, entra logo ai. - abriu uma porta gigante, que ia do teto ao chão, e me empurrou lá para dentro. - E pense bem antes de bancar a espertinha, aquilo que fiz com aquele Zé ruela não chega nem perto do que sou capaz de fazer. - falou ameaçador, fechando a porta e a trancando.

  - Abre isso seu filho da puta! Deixe-me sair daqui! - gritei socando a porta a minha frente até não ter mais força e voz. Eu estava esgotada.

Cai no chão, chorando descontroladamente e logo senti mãos em meu ombro. Virei-me assustada, só então percebendo o tanto de garotas ali dentro. Algumas eram conhecidas, pois estavam comigo naquele quartinho nojento mais cedo, outras eu sabia que vira alguma vez, mas não lembro aonde.

  - Hey, calma querida. - uma loira linda, de olhos azuis, que sorria gentil. - Venha, sente-se aqui. - falou me ajudando a levantar.

Caminhei com ela em silencio até um dos colchões, vazio, jogados no chão. Eu olhava tudo 
apavorada.

  - Quem é você? - perguntei baixo, e ela sorriu triste, passando a mão em meu rosto, secando minhas lagrimas.

  - Meu nome é Kyara, eu sou umas das... - parecia pensar. - Bom, acho que vadias do Bieber. - falou de maneira engraçada, como se imitasse um homem e eu ri fraco. - Que bom, está sorrindo. - falou.

  - O que é aqui? - falei olhando ao redor, todas nos olhavam atentas.

  - Esse é o nosso presídio. - uma deles se envolveu na conversa. - Prazer, Peyton. - se apresentou, sorrindo de lado.

Ela tinha cabelos castanhos claros, olhos escuros, e usava uma maquiagem forte, que complementava suas roupas curtas e coladas, como todas ali. Parecia-me ser simpática.

  - Então... Bem vinda... - esperou que eu completasse.

  - Allyson. - falei.

  - Bem vinda Allyson. - me parecia muito calma.

  - Como vocês podem estar calmas? Estão presas aqui. - falei o obvio e Kyara riu.

  - Querida, se você esta aqui, não irá mais sair, não adianta se desesperar. - sentou a minha frente, segurando minhas mãos.

  - Como assim não vou mais poder sair? Eu vou sair daqui, é só esperar aquele idiota do 
Bieber sair. - falei, começando a entrar em desespero. - Eu quase fugi uma vez, a segunda vai ser fácil. - completei e agora todas elas riram.

  - Amorzinho, tenha certeza que isso não acontecerá. - uma delas, que tinha a maior cara de puta, falou sarcástica. - O Bieber tem o melhor grupo de seguranças de Atlanta.

  - Eu consegui fugir, vou conseguir de novo. - falei convicta.

  - Allyson, a partir do momento em que você entra aqui, não pode mais sair, não adianta 
fugir, tem homens do Bieber por toda a cidade, eles te encontraram fácil. Nós todas já tentamos, e pode ter certeza que não foram poucas vezes. - Peyton falou me olhando com pena.

Eu realmente devia estar em um estado deplorável.

  - Você precisa de um bom banho querida, depois eu te explico tudo certinho para a 
convivência aqui. - Kyara disse se levantando e ficando a minha frente. - Venha.

Levantei-me, e ela me guiou até uma portinha, um pouco escondida, me mandando tomar um bom banho e tentar relaxar um pouco. Agora me diz... Como eu vou relaxar sabendo que nunca mais vou conseguir sair desse lugar. Eu realmente precisava de um banho, mas também tinha que pensar em uma boa maneira de fugir. Não posso ficar aqui a mercê desse idiota que se acha rei do mundo. Ele não tem esse direito!

Despi-me e liguei aquele chuveirinho mixuruca, que só Deus. Entrei debaixo, a fim de relaxar com a água quente, e para a minha surpresa, não havia água quente. Dei um pequeno gritinho ao sentir aquela água gelada entrar e contato com a minha pele, me arrepiando por completo.

  - Mão de vaca, muquirana! - xinguei baixinho. - Nem para colocar um chuveiro que preste.

Muito legal isso, além de sequestrada, estrupada e violentada, terei que tomar banho gelado. 

Bufei passando o sabonete por meu corpo, rapidamente, e sentindo minha intimidade latejar, novamente. Deixei algumas lagrimas de amargura escapar, lembrando-me de tudo que sofri em pouquíssimas horas, e tudo por causa daquele idiota. Nada daquilo era justo, porque logo comigo?

  - Vamos, a princesinha não pode ficar ai por muito tempo! - uma voz desconhecida falou, batendo na porta.

  - Sheila, deixe a menina relaxar um pouco. - a voz de Kyara ecoou baixa e brava.
Lavei meus cabelos com um dos xampus que havia em um suporte ali e sai, me enrolando em uma das toalhas pretas que tinha em um pequeno armarinho de canto. Eu não tinha roupas, as minhas estavam imundas.

  - Hey, terminou? - Kyara perguntou sorrindo, adentrando o banheiro. - Aqui, roupas limpas. Ai tem lingerie, short, blusa, e um estojo de maquiagem. - avisou.

  - Para que maquiagem? - perguntei confusa. - Prisioneiras precisam se arrumar tanto?

  - Quando essas prisioneiras dependem da imagem para sobreviver, sim. - falou e eu arregalei 
os olhos.

Como assim imagem para sobreviver?

  - Olha, se arrume, depois eu te ajudo com a maquiagem, e te falo o que acontece por aqui. - assenti e ela saiu do banheiro.

 Vesti a lingerie e peguei o short na mão. Uau, isso aqui não tampa nem a poupa da bunda. Ok acalme-se Ally, é isso que você tem por enquanto, vista e depois fale com alguém. - repetia para mim mesma em pensamento. Vesti o short e a regata, que deixava metade da minha barriga para fora, e sai do banheiro, enquanto secava meus cabelos com a toalha. Todas me olharam novamente e me mediram de cima a baixo. OK, isso é estranho demais!

  - Allyson, venha cá. - Kyara chamou batendo no colchão, para que eu me sentar ao se lado, e assim eu fiz, entregando a ela o estojinho de maquiagem que nem havia usado.

  - Pode me chamar de Ally.

  - Ok, Ally. - sorriu e eu assenti. - Venha, vou te ensinar como se maquiar.

  - Eu sei me maquiar. - falei e ela riu.

  - Aqui você terá que andar sempre maquiada, e do jeito que o patrãozinho gosta. - franzi o cenho. - Boca com um batom rosa choque, e um olhar marcante com bastante lápis e mascara de cílios.

  - Mas, para que tanta coisa se eu não saio daqui? - perguntei confusa.

  - Você tem que ficar bonita, para que ele te escolha.

  - Me escolher?

  - Sim. Bom, deixe-me te explicar algumas coisas. - assenti a olhando atenta. - Aqui cada uma, luta pela sua sobrevivência. Não são todas essas que ficarão, algumas irão para as ruas, trabalhar nas boates, e outras ficarão aqui, para servir o Justin.

  - Bom, então se eu vou para a rua é bom não? Eu tenho mais chances de escapar. - sorri com esperança.

  - Não... Na rua é pior. Lá você é obrigada a deitar-se com vários homens por noite, em busca de grana, e é vigiada 24 horas por dia. Perto das ruas nós ainda temos certo luxo aqui. Lá você quase não come ou bebe algo, e sempre apanha, ou é obrigada a fazer coisas humilhantes por dinheiro. É sujo, obscuro, e na maioria das vezes você se envolve no mundo das drogas, caminho sem volta. Aqui nós ficamos apenas com o Justin, o que não é tão ruim assim, e podemos tomar um banho, mesmo não tendo água quente...

  - É percebi. - murmurei e ela riu.

  - Enfim, aqui você tem que agradar o Bieber, assim nunca sairá daqui. Ninguém é amiga de 
ninguém, é cada uma por si, uma passando em cima da outra, tentando proporcionar mais prazer ao grande Bieber. - falou.

  - Isso é humilhante, não?! - falei boquiaberta com tudo que escutei.

  - Sim, mas é necessário.

  - Que horror. - falei chocada.

  - Sua realidade daqui pra frente. - sorriu triste e eu neguei.
Isso não pode virar minha realidade. É degradante, horrível, um pesadelo...

  - Venha me deixe te maquiar. - assenti e ela começou seu trabalho.

Ela passava um monte de coisas, base, pó, corretivo, sombra. Eu não me maquiava muito, apenas para festas, mas pelo jeito terei que passar a fazer isso. Aff alem de nos manter presas aqui, ainda temos que ficar nos imperiquitando todas, pelo amor de Deus.
Abriram a porta violentamente, a fazendo se afastar um pouco assustada pelo barulho e depois suspirou aliviada vendo o homem a porta.

  - Kyara, o chefe que te ver. - o homem falou para ela, que assentiu sorrindo maliciosa.

  - Minha vez. - falou me entregando os pinceis de maquiagem que segurava. - Logo volto. - 
assenti rindo de seu jeito.

Como alguém podia estar feliz em ter que encontrar aquele homem?

Dei de ombros, e passei um pouco de blush, terminando a maquiagem. Eu estava parecendo 
uma puta! Ok... Acho que esse era o intuito, não? Guardei tudo no estojinho e me encostei à parede e fiquei ali observando tudo. Ainda tinha muitas garotas chorando, assim como eu tinha vontade. Todas estavam vestindo o mesmo estilo de roupa que eu, e maquiadas do mesmo jeito. Peyton estava junto a uma mulher mal encarada, que olhava todas ali com certo nojo, como se ela fosse diferente. Ela era loira, muito bonita por sinal, tinha olhos castanhos, seus olhos eram marcados com uma forte maquiagem preta e seus lábios não tinham aquele batom brega, rosa choque, eles continham apenas brilho, que os deixavam maior. Ok, porque ela pode se maquiar daquele jeito, e nós temos que ficar com essa cara de puta?

  - Comida. - avisaram abrindo a porta, e uma senhora baixinha e de cabelos brancos, entrou. 
Ela não parecia ser muito velha, apenas dos cabelos brancos. Ela nos encarava com pena no olhar, como se quisesse ajudar, porém, não pudesse.

  - Peguem. - falou entregando um prato a cada uma. - Comam tudo. - sorriu amigável.

Peguei o prato e olhei bem para aquilo. Não dava para identificar o que era, acho que uma sopa talvez. Peguei a colher e arrisquei-me há provar um pouco, e não é que o negócio não era tão ruim assim. Tinha um gosto bom, não sei descrever, cenoura com mais alguma verdura? 
Acho que sim... Após comermos e tomarmos o copo de água que ela nos deu ela saiu rapidamente, e novamente àquelas portas foram fechadas.


É no silêncio que eu escuto meus próprios gritos. 

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