03/07/2013

Common Denominator - Prólogo


Ontário, Canadá - 10, março, 1994.
  - Não faça isso Jeremy! - A jovem dos olhos azuis implorou, deixando lagrimas desesperadas caírem por seu rosto, ao homem a sua frente.
  - Eu te avisei vadia! - o homem gargalhou cruelmente, pegando a criança dos braços de Patricia.
Antes de deixar a humilde casa, Jeremy empurrou a morena com tamanha força, capaz de fazê-la cair largada no chão de madeira. A mulher tentou lutar para pegar seu filho de volta, mas foi impedida por dois capangas do bandido, que a forçaram observar seu filho ser levado de seus braços, com poucos dias de vida, pelo homem que ela mais temia no momento dentro daquela BMW preta.
Atlanta, Geórgia, EUA - 5, março, 1997.
  - Você tem certeza que consegue? - a loira perguntou hesitante em entregar a criança nos braços de Pattie.
  - Já fiz isso antes, eu consigo. - A morena sorriu confiante, estendendo os braços. - Ela é linda. - exclamou ao ter a pequena nos seus braços.
  - Sim... Como chamará?
  - Allyson, Allyson Mallette. - Patricia apertou à pequena, rosada e graciosa, em seus braços, feliz por tê-la.
Atlanta, Geórgia, EUA - 20, junho, 2004.
  - Mas pai...
  - Sem essa, pirralho! Mata logo! - Jeremy gritou nervoso. - Vamos caralho, aperta o gatilho e mata esse arrombado.
Assustado com os gritos do pai, que já se encontrava bêbado e drogado, Justin olhou para o cara a sua frente, que clamava por misericórdia. Ele havia tentando passar a perna em Jeremy, nada mais justo que a morte, não? Não, para Justin isso era errado. Como ele poderia tirar a vida de uma pessoa?
  - Vai logo, ou quem morrerá será você, viado! - Jeremy gritou novamente com a criança.
Justin já havia tido algumas aulas de tiros, e presenciado seu pai matar seus inimigos, sabia exatamente o que fazer, apenas não tinha coragem. Novamente os gritos alterados de Jeremy ecoaram pelo galpão, causando medo no menino. Ele sabia que Jeremy não brincava com ameaças, ele realmente poderia mata-lo. Seu medo tomou conta de seu corpo, o fazendo destravar a arma, e um pequeno sorriso orgulhoso nascer nos lábios de Jeremy, que ansiava esse dia mais que tudo. O dia em que seu filho se tornaria um homem, um pequeno clone de si próprio. Com mais alguns gritos incentivadores do pai, o garoto segurou firme a PT 840 em suas mãos, e pressionou o dedo no gatilho. Seu corpo moveu-se milimetricamente para trás, por conta do impacto, e um barulho ensurdecedor tomou conta do lugar. O menino havia acertado um tiro no meio da testa do homem. Aquilo trouxera muito orgulho para Jeremy. O garoto olhou o cadáver a seus pés, sorrindo abertamente, aquilo lhe trouxera uma sensação de controle, poder e superioridade, a qual o agradou muito. Seus orbes cor de mel mudaram o foco para o pai, que sorria orgulhoso, enquanto vibrava e virava a garrafa de whisky, que tinha em suas mãos.
  - Venha comemorar menino. - chamou Justin, lhe estendendo um copo cheio da bebida amarela. Justin o pegou, encarou um pouco, e logo o virou de uma só vez, o que lhe causou uma careta horrível, e uma forte ardência na garganta, porém, isso não o impediu de virar mais vários e vários copos. 
Atlanta, Geórgia, EUA - 7, setembro, 2007.
A pequena Allyson não parava quieta. Pulava de um lado para o outro, por todo o enorme teatro, junto às coleguinhas da aula de balé. O primeiro recital da garota, jovem amante da dança. Isso era motivo de comemoração. Era também o aniversario de Juan, seu primo mais velho e seu melhor amigo.
  - Querida, está na hora! - Pattie a chamou.
  - Eba! - gritou entusiasmada, correndo para os acolhedores braços de sua mãe. - Mãe, vou dançar perfeitamente para o Juan. Vai ser o presente dele.
  - Isso mesmo meu anjo. - Pattie sorriu, beijando a bochecha rosada da garota. - Agora vai lá, não queremos que não entre no palco, certo? - perguntou e a garota assentiu rindo.
Ela a colocou a garotinha no chão e deu uma ultima ajeitada no colan rosa choque e nos cabelos rebeldes da pequena, que se encontrava preso em um coque bem feito.
  - Vai lá e arrasa minha mocinha. - beijou-lhe a testa.
  - Eu vou brilhar mamãe. - Allyson sorriu confiante e saiu saltitando para juntar-se ao seu grupo.
Após curtas recomendações da professora, todas as garotas entraram no palco, para fazer o Lago dos Cisnes. Os passos eram fofos e ritmados, e bem avançados para garotas de 10 anos de idade. Elas finalizaram a apresentação, recebendo um enxame de palmas e se posicionaram para sair do palco, mas não antes de Ally apontar para o primo, que comemorava 13 anos, e fazer um coração, o dedicando sua apresentação.
Atlanta, Geórgia, EUA - 1, março, 2010.
  - Pai! - Justin gritou ao ver eu pai ser atingido em cheio no peito.
Antes de correr até ele, deu dois tiros certeiros em um dos capangas de Tom, que o tinha na mira, e saiu em disparada em direção ao seu pai. O garoto se agachou ao lado de seu pai, que se encontrava caído no meio de uma das maiores avenidas de Atlanta, envolto de uma possa de sangue.
  - Calma pai, você ficará bem. - Justin disse esperançoso.
  - Não... - o homem murmurou com dificuldade. - Eu... Eu morrerei. - falou e o filho negou. - Jus... Justin... Eu deixo... Deixo tudo por... Sua conta. - Jeremy disse já fraco. - Cuide de tudo.
  - Não pai! - o garoto negou desesperado. - Você não morrerá! - gritou. - eu te levo para o hospital, mas você não morrerá! - começou a entrar em desespero.
  - Não... - Jeremy negou. - Está na minha hora filho... Eu... Eu tenho... Mu... Muito orgulho de você. Você se tornou um Bieber de verdade, e eu me orgulho disso. - Justin sorriu, deixando uma lagrima descer por seu belo rosto. - Não chora pirralho! - o pai disse, forçando um pouco a voz, e fechou os olhos, sentindo uma dor no peito. - Já não basta esse cabelo, não seja gay! - Jeremy já estava no seu ultimo.
  - Pai, você não pode morrer! Eu estou pronto. - Justin disse.
  - Esta sim. - Jeremy disse suspirando pesado e fechando os olhos aos poucos. - Livro... - murmurou fraco. - Biblioteca... - falou buscando ar nos pulmões. - Livro na biblioteca... Carta...
  - Como? Pai? Por favor, não de deixa! - Justin pediu sentindo seu rosto quente pela quantidade de lagrimas. - Pai, por favor, fala comigo. - gritou chacoalhando o homem, mas já era tarde demais, ele estava morto. Ele se foi deixando o garoto de 16 anos, no dia de seu aniversario, cheio de duvidas e tentando entender suas ultimas palavras.
Jeremy podia não ser um pai tão carinhoso, presente e perfeito, como muito por ai tinham, mas era seu pai, a pessoa que lhe criou, a sua única família. Justin sentia um vazio no peito e a única coisa que conseguia pensar era em vingança. Tom Walker pagaria... Justin iria até o inferno, mas o mataria. Ele mesmo, com suas próprias mãos vingaria a morte de seu pai, e ninguém o faria pensar diferente, não a partir daquele dia.
 Atlanta, Geórgia, EUA - 11, fevereiro, 2013 - 09h43min.
  - Tchau pequena. - Allyson beijou a testa de Andy, que saiu correndo, sumindo do seu campo de visão.
A morena andava pelo parque, a espera de sua melhor amiga, Jazmyn, despreocupadamente. Mal ela sabia que estava sendo observada, há dias. O homem se encontrava escondido atrás de um poste, no qual tinha perfeita visão de seu alvo. Assim como ela, mais cinco garotas estavam sendo vigiadas pelos capangas do Bieber, um dos maiores traficantes de Atlanta.
  - Fica quietinha e vem comigo. - o homem a agarrou por trás e tapou sua boca.
As ruas não estavam muito movimentadas, tudo estava calmo. Ally se debatia contra o homem, mas ele era mais forte, ela nunca conseguiria se soltar.

   - Quieta ou morre. - falou e pôs um pano no nariz da jovem, que aos poucos foi perdendo os sentidos. 

Um comentário: